quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Los Saguaros + The Dirty Coal Train + Cavemen @ States Club Noites Rock (18-04-15)

"Garage-rock" de boa apanha (no caso dos dois primeiros nomes) e uma salganhada sonora (bem executada, honra lhes seja feita), no caso dos terceiros, foi o que a última das States Club Noites Rock teve para oferecer, com a última "curadoria" de Joana Tê, a grande dinamizadora destes eventos.
Los Saguaros, duo composto por Diogo Augusto e Samuel Silva (ex-Sonic Reverends e Jack Shits), tiveram a companhia de dois vultos do "rock" nacional, sediados em Coimbra: Victor Torpedo (sumidade maior na guitarra, com marca registada nos The Parkinsons, só para citar o projecto mais presente) e Calhau (estrela "punk", na verdadeira acepção do termo, tocador de baixo, ele que também anda pelos Subway Riders, onde brilha no saxofone ao lado do companheiro Torpedo). "Desert-rock" servido sem contemplações, com uma velocidade e qualidade irrepreensíveis, assente no seu registo «Yuma», de onde cabe destacar os intensos "Nazaré" e "I Killed My Girl" (com a colaboração, também no disco, de Víctor Torpedo), deram conta do recado, numa actuação que talvez devesse ter sido a última e não a primeira, tal a adrenalina provocada com cada tema tocado.
A seguir, mais um projecto a recrutar um músico local, senhor de muitas horas a marcar ritmos atrás da bateria num infindável número de bandas, cada qual com a sua marca pessoal, Carlos Mendes (mais conhecido apenas por Kaló): os The Dirty Coal Train, trio clássico, a fazer lembrar outros exemplos perfeitos do "garage-rock" com muita energia "punk", onde guitarra, baixo e bateria servem os propósitos da cartilha do género: "riffs" intensos e cortantes, cordas pulsantes e bombos e tarolas a marcarem ritmos acelerados, mas sempre com a cadência certa. Pode-se dizer, com alguma propriedade, que são do melhor que os palcos nacionais têm para mostrar dentro do seu nicho musical, cada vez mais interessante (quer em termos de qualidade, quer em termos de quantidade). Mostrem(-se) mais vezes e a mais público! Vale(m) muito a pena.
A fechar a noite, os Cavemen, trio conimbricense com uma base sonora de influências tão díspares como o estilo dos seus elementos, do "dub" e "ska a la Clash fase «Sandinista»", passando pelo "rock gótico" dos Bauhaus (numa versão bastante competente de "Bela Lugosi's Dead"), até ao "rock'n'roll" de matriz mais clássica, deram um concerto quase em regime "fade out", situação que poderia ter sido evitada, caso a ordem de actuação das bandas tivesse sido invertida.
Fica, no entanto, a celebração de uma bela noite (a última, pelo menos neste formato) de bom "rock", a fazer lembrar que Coimbra ainda tem aquilo que sempre teve, mas isso, por si só, já não basta para voltar a ser aquilo que nunca foi: a "capital do rock".

Sem comentários:

Enviar um comentário