terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Sigur Rós + Blank Mass @ Coliseu do Porto (14-02-13)

Antes de mais um capítulo histórico nas actuações em Portugal assinado pelos Sigur Rós, a primeira parte ficou a cargo de Blanck Mass, projecto a solo de Benjamin John Power (metade do duo britânico Fuck Buttons), com sonoridades electrónicas saturadas, algo negras e minimais, que foram criando o ambiente (possível) para aquilo que se viria a assistir nas cerca de duas horas seguintes. Contudo, não esquecemos a fantástica e surpreendente primeira parte dos For A Minor Reflection, há cinco anos atrás no Campo Pequeno, ou ainda a candura musical das conterrâneas islandesas Amiina.
Cinco anos após a última vinda a território nacional e com um novo disco na bagagem («Valtari»), os islandeses Sigur Rós (agora reduzidos a trio, após a saída do teclista e multi-instrumentista Kjartan Sveinsson) apresentaram-se iguais a si próprios (entenda-se, banda inimitável), envoltos numa aura de verdadeiro grupo de culto, num Coliseu do Porto completamente esgotado há já algum tempo. Acompanhados por oito elementos em palco (com secção de cordas e sopros) que ajudaram a dar corpo à beleza única e celestial da sua música etérea, os Sigur Rós conseguiram induzir os espectadores a vários estados de alma, todos eles muito perto do sublime [nota: encontrar adjectivos para caracterizar a música do grupo é, só por si, tarefa deveras difícil, quanto mais os estados de espírito por ela provocados]. As palavras indecifráveis cantadas em falsete pelo vocalista Jónsi em "vonlenska" (ou "hopelandic", em inglês) - língua criada pela banda, que serve apenas para conferir ritmo e melodia - ajudam a criar uma idiossincrasia absolutamente mágica, como esteve patente em todo o seu esplendor no final apoteótico com “Popplagið”. Antes do único encore (que soube a pouco), desfilaram catorze temas que passaram pelos principais registos da banda, com destaque para o disco de 2005 «Takk». E foi com um imenso "Obrigado!" que os elementos em palco se despediram, após terem regressado para uma última e merecida ovação do público presente, absolutamente rendido. 
Com novas músicas já prontas (algumas delas apresentadas aqui, como a que abriu o concerto, “Yfirborð”), aguarda-se novo regresso para mais uma partilha única da melhor banda do mundo e da Islândia!