quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Chris Eckman @ Salão Brazil (21-05-15)

Nome respeitável (e respeitado) da cena rock de Seattle (com gratas influências da folk, de nomes tão relevantes como Neil Young ou Townes Van Zandt), o músico, produtor e compositor de bandas-sonoras norte-americano (com residência actual na Eslovénia) veio apresentar o seu mais recente disco, «Harney County» (editado em 2013 pela germânica Glitterhouse Records, extensão europeia da editora de Seattle, Sub Pop, que tem no seu catálogo gente com o talento de Scott Matthew, Spain, Wovenhand, entre muitos outros) com três datas em território nacional.
Desde a formação (junto com Carla Torgerson), em 1984, dos The Walkabouts, que Eckman tem vindo a trilhar um caminho na história da música com uma qualidade e solidez invejáveis. Dono de uma voz grave, profunda e melancólica, é o exemplo perfeito de como a máxima "menos é mais" deve funcionar: voz e guitarra, apenas acompanhado pelo contrabaixo (tocado de forma magistral por Žiga Golob). É esta a fórmula (aparentemente) simples e (extremamente) eficaz com que a música de Chris Eckman funciona: sem artificialismos desnecessários, assente "apenas" em letras melodiosas (escritas com base em histórias de vida que dão um cunho ainda mais pessoal ao resultado final), numa base instrumental competente e numa voz que nos faz viajar, ora por paisagens melancólicas, ora por viagens sentimentais mais vertiginosas.
É difícil apontar um ponto alto, tal o nível de excelência de todo o concerto, mas talvez o destaque seja para a faixa "Nothing Left To Hate", verdadeiro compêndio da capacidade criativa do artista. Outro destaque (já no "encore" obrigatório), este para a colaboração de outro nome grande (que já havia tocado na primeira parte, junto com Tracy Vandal, com os conimbricenses a Jigsaw), Victor Torpedo, que deu um toque de classe na guitarra na versão, deliciosamente arrastada, de "Bankrobber" (The Clash), mesmo a terminar a actuação.
Tudo perfeito! Talvez em demasia, mas noites assim são um luxo que não se devem desaproveitar. A sala esteve cheia, com público conhecedor e, decerto, que não desdenharia um regresso em breve de um dos principais nomes que a cidade (conhecida como a capital do grunge) nos deu a conhecer, muito antes de Kurt Cobain a colocar no mapa musical.

Sem comentários:

Enviar um comentário